Por Luciana Collet
São Paulo, 16/02/2023 – A empresa de geração solar distribuída remota GDSun tem um plano de forte crescimento para os próximos três anos, quando deve investir mais de R$ 1,5 bilhão para quadruplicar sua capacidade instalada. Embora a estratégia esteja focada no desenvolvimento de projetos próprios, a empresa não descarta aquisições “de oportunidade”, como a acertada agora com a Sensatto Energia para a compra de duas usinas solares localizadas em Minas Gerais. O valor da operação não foi informado.
Segundo o executivo financeiro da GDSun, Gustavo Bacellar de Faria, a companhia não faz “busca ativa” de empreendimentos para aquisição, mas as usinas em Minas Gerais se encaixaram nos requisitos da companhia, como o fato de estarem localizadas perto de outros projetos da empresa, gerando sinergias operacionais; de terem características de construção e engenharia dentro dos parâmetros considerados adequados; e de terem a energia destinada a clientes corporativos. As usinas atendem ao consumo da Claro, que já é o segundo maior cliente da GDSun. “É um cliente importante, com quem temos um bom relacionamento e gostaríamos de ampliar nossa parceria”, disse, em entrevista ao Broadcast Energia.
As usinas têm 10,2 megawatt-pico (MWp) de capacidade total e ampliam a presença da empresa no Estado que mais tem se destacado no segmento de geração distribuída, com 2,5 gigawatts (GW) instalados, a maior potência de todo País, seguido de perto por São Paulo, segundo informações da Associação Brasileira de Geração Distribuída, compiladas a partir da base de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Com essas aquisições, somamos 14 usinas somente em Minas Gerais e ampliamos a nossa liderança em geração de energia para autoconsumo remoto no Brasil”, afirmou o diretor-presidente da empresa, Arthur Sousa.
No total, a empresa alcança a marca de 123 MWp de capacidade instalada operacional no Brasil, além de outros 122 MWp já em implantação e com energia comercializada. Essa capacidade está dividida em 47 usinas em operação e construção localizadas em 12 Estados (Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Considerando os ativos operacionais e os 122 MWp previstos para entrar em operação ainda em 2023 ou no início de 2024, a companhia já se comprometeu com R$ 1,1 bilhão em investimentos, recursos que já estão garantidos, parte com o aporte de cerca de R$ 500 milhões feito pelo controlador, o fundo de investimentos Franklin Servtec Energia, parte com captações no mercado feitas entre 2021 e 2022, que também somam aproximadamente R$ 500 milhões. “Pode-se dizer que estamos plenamente financiados para esse primeiro desafio de implantação (…) Devemos fazer novas captações no final deste ano, mas os recursos serão direcionados a implantações a partir de 2024”, disse Bacellar.
Para a segunda fase de crescimento, de 255 MW e R$ 1,2 bilhão em investimentos, entre 2024 e 2025, os projetos, desenvolvidos pela própria GDSun, já possuem parecer de acesso emitidos (30%) ou protocolados (70%) até 6 de janeiro de 2023. Com isso, tais usinas devem contar com condições mais favoráveis de valoração da energia, tendo em vista que a partir dessa data os projetos passam a pagar uma tarifa pelo uso das redes de distribuição.
Resta, porém, uma dúvida regulatória, ainda em discussão na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel): a respeito do prazo para a energização desses projetos, de maneira a garantir o benefício das condições anteriores de cobrança. “Isso depende de alguma maneira do prazo para a execução das obras de rede, mas é uma discussão que acontece neste momento no setor”, disse Bacellar.
Regulamentação
Apesar das incertezas que ainda pairam no segmento, Bacellar disse que a companhia vê com otimismo a regulamentação do mercado de geração distribuída pela Aneel. “A GDSun iniciou seus investimentos e sua trajetória em GD no início de 2020, e observamos de lá pra cá um amadurecimento grande do setor, que passou pela aprovação da Lei 14.300/2022 [conhecida como marco legal da geração distribuída]; isso trouxe bastante segurança jurídica para os investimentos”, disse.
Ele afastou-se das críticas comuns entre agentes do segmento à regulamentação feita até agora pela Aneel e os atrasos em algumas definições, sugerindo que “muitas vezes, a definição é mais importante do que o que foi efetivamente definido”. Para o executivo, a tendência de completa regulamentação dentro dos próximos meses é positiva.
Comercialização
Uma vez que as dúvidas sejam dirimidas, a GDSun deve iniciar a busca pela comercialização da energia prevista para a segunda fase de investimentos. O foco são clientes corporativos que possuem diversas unidades consumidoras em um só CNPJ, como empresas de telecomunicações e redes de varejo.
Bacellar comentou, porém, que a empresa está atenta à estratégia de alguns clientes corporativos de oferecer energia a terceiros, de sua própria carteira, atuando, na prática, como uma espécie de comercializadora de créditos de geração própria. “Aos olhos da GDSun, eles seguem clientes corporativos”, disse. Ultrapar e a Claro estão entre as empresas que já sinalizaram ao mercado iniciativas nesse sentido.
Contato: luciana.collet@estadao.com; energia@estadao.com
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Fonte: BROADCAST – 16/FEV/2023