Por Lauro Fiuza Jr
Já não é novidade que as mudanças climáticas são resultado do aumento das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, causadas diretamente pela ação humana, entre elas na geração de energia. Neste contexto, o hidrogênio verde (H2V), produzido a partir da energia renovável, poderá assumir um papel central, permitindo que grandes quantidades de energia limpa sejam transferidas do setor elétrico para outros setores da economia, em particular para os de difícil descarbonização.
A invasão da Ucrânia pela Rússia resultou em preços de energia extremamente altos e riscos ao suprimento de energia na Europa. A Comissão Europeia anunciou um novo pacote de medidas para acelerar a transição para as energias limpas, buscando eliminar a dependência de combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030; e um plano para aumentar a produção e importação de milhões de toneladas de H2V de outros países. Isso aponta para tornar o H2V o grande veículo de transporte de energia.
O cenário de exportação de energia renovável representa uma oportunidade para países como o Brasil, reconhecido pelo seu grande potencial no setor. Destaque para a Geração Eólica Offshore, que possibilita a produção de energia em escalas adequadas à fabricação de H2V, e perto dos portos de onde o produto será produzido e exportado.
Daí a grande relevância estratégica da iniciativa do Governo do Ceará em criar um hub de H2V no Porto do Pecém, cuja proximidade com os principais mercados internacionais, como EUA e Europa, é um importante diferencial. Em 2022, já vemos os primeiros movimentos. Parceira de negócios do Ceará para produzir H2V na região do Pecém, a australiana Fortescue firmou acordo com a principal distribuidora de gás da Europa, a alemã E.ON, para a entrega de até cinco milhões de toneladas/ano de hidrogênio verde até 2030.
O Brasil possui todos os elementos para ser
protagonista na geopolítica energética global.
Estou convicto de que não há tempo a esperar
O desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio verde, com a gradativa redução do seu custo marginal, abre possibilidades de desenvolvimento do mercado interno no Brasil. A forma mais eficiente de se transportar hidrogênio, atualmente, é através da sua conversão em amônia, largamente utilizada como fertilizante na agricultura e em outros processos da indústria química. A geração offshore também facilitará a expansão das fontes renováveis no sistema elétrico do país, já que gera energia junto da zona de maior demanda.
O Brasil possui todos os elementos para ser protagonista na geopolítica energética global com o hidrogênio verde. A geração eólica offshore pode ser a fonte catalisadora deste processo. Estou convicto de que não há tempo a esperar. O futuro é agora!
Lauro Fiuza Jr. é presidente do Conselho de Administração da Servtec Energia
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Fonte: OOTIMISTA – 16 e 17/ABR/2022