A geradora de energia Servtec e o fundo de private equity Darby, da gestora norte-americana Franklin Templeton, fecharam a aquisição de um parque eólico no Ceará e uma pequena hidrelétrica no Mato Grosso, disse à Reuters nesta quinta-feira o presidente da elétrica brasileira.
A operação, cujo valor não foi revelado, foi acertada junto ao grupo espanhol Inveravante. O parque eólico Dunas do Paracuru tem 42 megawatts em capacidade, enquanto a PCH Inxú tem 22 megawatts, e ambos os ativos estão em operação comercial.
“São ativos pequenos, que ficam fora do radar dos grandes compradores, das grandes transações de M&A (fusões e aquisições). Temos visto mais transações maiores, de 300 megawatts a 400 megawatts, então esses ativos não despertam tanto interesse dos grandes players, mas para nós faz todo sentido”, disse o CEO da Servtec, Pedro Fiúza.
“Estamos mirando possíveis ganhos de eficiência e de qualidade com nossa gestão. Conseguimos também ter um ganho de escala nos custos operacionais desses ativos”, explicou ele, ao destacar que a Servtec tem usinas eólicas próximas ao parque comprado dos espanhóis.
A transação envolverá pagamento aos vendedores e assunção de dívida dos empreendimentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ao Banco do Nordeste (BNB).
A Servtec focará inicialmente em melhorar o desempenho das usinas, mas depois deve avaliar a possibilidade de refinanciamento dos ativos, para reduzir custos, em meio à continuidade das quedas das taxas de juros no Brasil.
A Servtec e o Darby se associaram em meados de 2016 para buscar negócios conjuntos em projetos de energia por meio de um fundo de investimento em participações.
A operação pela PCH e o parque eólico foi a primeira que envolveu uma aquisição de usinas prontas pela Servtec, que até então focava o desenvolvimento de projetos do zero, o que ainda deve continuar a ser o foco do grupo.
“Foi um movimento bem oportunístico”, disse Fiúza, embora sem descartar que a empresa possa olhar outras possíveis compras.
A Servtec também tem buscado em parceria com o Darby desenvolver uma carteira de projetos de geração solar distribuída, inclusive com a busca de possíveis aquisições de projetos no setor ou associações com outras empresas.
“Temos quase 70 megawatts em projetos, 15 megawatts operando e uns 54 megawatts em construção, e temos boas negociações em andamento. Temos um plano de chegar a 250 megawatts no final de 2021”, disse Fiúza.
Segundo o CEO da Servtec, os investimentos nesse segmento têm sido bancados com recursos próprios, mas com planos de buscar financiamentos no futuro.
A Servtec também possui negócios em geração termelétrica, inclusive projetos prontos para participação em leilões do governo, mas a empresa não espera novas oportunidades nesse setor em 2020, segundo Fiúza.
O Ministério de Minas e Energia decidiu no final de março suspender por tempo indeterminado leilões para novos projetos de geração devido às incertezas associadas à crise do coronavírus, o que incluiu a postergação de um certame para novas usinas térmicas a gás.
É difícil que essas licitações sejam reagendadas ainda para 2020, enquanto mesmo em 2021 ainda há grandes incertezas sobre a demanda por novos projetos de geração, disse Fiúza.