Robson Rodrigues – De São Paulo
Em uma nova rodada de aportes financeiros, a GDSun acaba de receber R$ 325 milhões do Itaú BBA para a construção de novas usinas fotovoltaicas no Brasil. O novo investimento atinge a marca de R$ 1 bilhão de capital investido desde 2020 com meta de 220 megawatt-pico (MWp) no primeiro trimestre de 2023.
A companhia atua na geração distribuída (GD) ou geração própria de energia solar de autoconsumo remoto do Brasil. A nova captação se soma aos aportes realizados anteriormente pelo fundo Franklin Templeton Alternatives e Servtec Energia, com R$ 500 milhões em 2020 em quity, seguida de uma alavancagem de debênture do Itaú que injetou R$ 175 milhões.
Atualmente a empresa tem 104 MWp operacionais distribuídos em 41 usinas com energia destinada a grandes clientes, como, Claro, Raízen, entre outros. Ao Valor, o CEO da GDSun, Arthur Sousa, conta que a companhia está presente em nove estados e agora a nova fronteira para expansão dos negócios é o Nordeste e ao Centro-Oeste a fim a adicionar mais 116 MWp, totalizando 82 empreendimentos em 12 estados.
“Os custos de equipamentos, módulos inversores estão travados e isso garante uma gestão de custos com head e garanta de compra futura com fornecedores”, diz Sousa. O executivo acrescenta que a empresa já fechou contrato com a Alexandria e outras companhias para trabalhos de engenharia, aquisições e construção (EPC, na sigla em inglês), tem cerca de 50 MWp em equipamentos solares em estoques comprados da Canadian Solar, além de outros 50 MWp em processo de fabricação.
Ele não abre as taxas do novo aporte, mas reconhece que dada a questão macroeconômica do Brasil, com juros escalando, as condições da primeira captação com o Itaú foram melhores que a atual. “As condições não foram as mesmas feitas da época da primeira captação, mas dadas as condições de mercado atuais foi um bom negócio”, diz.
Assim como outras empresas do setor, a sanção do marco legal da geração própria de energia, em janeiro, despertou um senso de urgência para o desenvolvimento de novos projetos nessa área no país para garantir a gratuidade da cobrança da tarifa de uso da rede de distribuição.
“Estes 220 MWp estão dentro da janela regulatória com parecer de acesso. Trabalhamos para que este investimento fosse realizado e a energia comercializada dentro desta janela regulatória”, afirma.
Com a nova captação, a empresa se posiciona rapidamente como um importante player de geração distribuída no Brasil, já que a GDSun vem dobrando de tamanho ano a ano, em 2021 a capacidade instalada era de 50 MWp que passou para 104 MWp em 2022 e 220 MWp no primeiro trimestre de 2023. Até 2025, o executivo planeja um novo ciclo de expansão a fim de alcançar a capacidade de 440 MWp.
A estratégia desta nova captação, todavia, ainda está para ser definida, mas os desafios estão colocados. A alta recente dos custos de projetos de geração renovável e a pressão sobre as cadeias produtivas chinesas para geração fotovoltaica têm causado uma desaceleração do fechamento de grandes contratos de energia de longo prazo.
Por outro lado, a geração solar no Brasil vem ganhando protagonismo no setor elétrico puxada por projetos de pequeno porte que se enquadram na geração distribuída, totalizando 12,9 GW de potência instalada, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Guilherme Chrispim, lembra que o segmento de geração distribuída vem atraindo investimentos e que em 2020 e 2021 a GD foi a fonte que mais agregou potência instalada no setor elétrico brasileiro e, em 2022, esse cenário deve se repetir.
“Outro fato que explica o interesse dos investidores pela geração distribuída é a maturidade que as empresas do segmento alcançaram nos últimos anos. Diante de todo esse contexto, a tendência é que a GD atraia cada vez mais interessados”, prevê Chrispim.
Fonte: VALOR ECÔNOMICO – 30/AGO/2022
POR Robson Rodrigues